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sábado, 23 de fevereiro de 2008

sobre o oscar e outras coisas

Se existe uma coisa que eu adoro em mim é essa esperteza auto-crítica e auto-misericordiósa de lonely boy que eu carrego pela minha vida. Saca o diálogo:

livio diz:
eu fui rever juno e sangue negro.
(...)
Bernardo diz:
foste sozinho?
livio diz:
com um balde de pipoca e um litro de refrigerante.

Só faltou um "com quem mais?" no fim da minha última frase para isso poder estar num roteiro de filme indie-sensação ou - deixa eu ser pretensioso - numa letra do Morrissey (ou do Jarvis Cocker, ou do do Brendan Benson, ou dos Los Campesinos, ou dos Black Kids...).

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That said, vamos ao Oscar.

Acho que pela primeira vez vi todos os 5 indicados a Melhor Filme antes da premiação. Num top, ficaria assim:

1- Sangue Negro
2- Juno/Onde Os Fracos Não Tem Vez
4- Desejo e Reparação
5- Conduta de Risco

"Sangue Negro" é o grande filme dos últimos anos, não tenha dúvida. É um épico que serve como reflexo para o estado das coisas nesses tempos tão negros quanto o petróleo que Daniel Plainview almeja. E não me venha com essa que Daniel Plainview é o vilão do ano.

Ele não é vilão coisa nenhuma. Nada de essência da maldade ou coisa do tipo (deixe essas considerações para o Anton Chigurh). Ele é humano e isso é o mais aterrador. O Chigurh de "Onde Os Fracos Não Tem Vez" é com certeza amedrontador, mas é um só personagem de ficção (você não vê pessoas com pistolas de ar comprimido antando por aí, vê?). Daniel Plainview, seja pela pertubora atuação do Daniel Day-Lewis ou não, é carne, osso e mal-estar perfeitamente tangível. Daniel Plainview sou eu, é você e é sua mãe. I drink your milkshake. I drink it up.

Sociologia a parte, "Sangue Negro" também é uma aula de cinema. Muitos podem reclamar do roteiro e da montagem. É sim um filme lento, difícil, mas, ei, nem tudo é um clipe do Hype Willians. PT Anderson conduz seu filme como um veículo do que o seus personagens significam. Por exemplo, quando a raiva toma conta de Plainview, a onda negra surge por de trás dele ameaçadora. Quando toda sua ganância se mostra, a brasa da fogueira ilumina seu rosto e, em especial, seus olhos de um vermelho único.

A cena final entra fácil num hall de melhores de todos os tempos. "I'm finished". O quão genial é isso?

É um filme pertubador, conduzido por uma trilha perturbadora, feito por um diretor perturbador. É um clássico, mesmo que você não pense assim agora.

"Onde Os Fracos Não Tem Vez" é também um grande filme sobre o mesmo tema de "Sangue Negro". Mas devido a imensidão desse, parece pequeno.

O roteiro é brilhante - nervoso, fechado e com um final instigante - e o Javier Bardem mereceria o Oscar de Melho Ator (coadjuvante my ass), se esse não fosse inteiro do Day-Lewis.

"Juno" é ultra-amável e complementar ao seus dois principais concorrentes no Oscar. Costumo dizer que não acredito em nada mais além do amor e da música (o quão piegas é isso?) e "Juno" é cheio dessas duas coisas que nos fazem continuar. No mínimo, reconfortante.

"Desejo e Reparação" seria um grande filme se os outros não fossem melhores. É bom, mas old-Hollywood demais para esses tempos. Tem grandes cenas (a da guerra é fabulosa), sotaque inglês de primeira e uma bela trilha sonora, mas talvez se torne ainda menor quando eu ler o livro (está na lista), o assim chamado "primeiro grande romance do século XXI".

E enfim temos "Conduta de Risco", um thriller-político bem feito igual a tantos outros. Está na lista, eu acho, porque todos amam o George Clonney. Ou então pela campanha maciça que os produtores vêm fazendo junto à academia, como conta a Ana Maria Bahiana no blog dela. Se ganhar, vai ser um mico gigante.

No mais, vamos ao bolão. (Indicações aqui)

Melhor Filme
Quem merecia: "Sangue Negro"
Quem ganha: "Onde Os Fracos Não Tem Vez" ou "Juno", por serem infinitamente mais Hollywood-friendly do que meu preferido.

Melhor Diretor
Quem merecia: Paul Thomas Anderson por "Sangue Negro".
Quem ganha: Os Coen ("Onde Os Fracos Não Têm Vez") ou o Julien Schnabel por "O Escafrando e a Borboleta" (ainda inédito no Brasil) que levou o Cannes e o Globo de Ouro.

Melhor Ator
Quem ganha e merece ganhar: Daniel Day-Lewis. Se derem o Oscar para o Clonney, vai ser um micão, por que ele ganhou merecidamente pelo mesmo papel há dois anos atrás. Se derem para o Depp, é por reparação histórica indevida.

Melhor Atriz
Quem ganha: Marion Cotillard ou Julie Christie. Na verdade, só vi mesmo a Ellen Page (good, not great), então não me atrevo ir além do feijão-com-arroz.

Melhor Ator Coadjuvante
Quem ganha e merece ganhar: Javier Bardem. Devia estar na categoria principal (o filme é todo dele), mas é até bom que não esteja para não disputar com o Day-Lewis.

Melhor Atriz Coadjuvante
Quem ganha e merece ganhar: Cate Blanchett. Ainda não vai ser dessa vez que ela leva melhor atriz, e ela merece mais por interpretar um Dylan melhor do que 5 marmanjos no filme que eu resenhei aqui.

Melhor Roteiro Original
Quem ganha e merece ganhar: "Juno". É aqui que os independentes fazem a festa. Só tomar cuidado com "The Savages" outro indie forte.

Melhor Roteiro Adaptado
Quem ganha e merece ganhar: "Onde Os Fracos Não Têm Vez". Em questão de roteiro, os Coens não são fáceis de bater.

Fotografia
Quem ganha e merece ganhar: "Sangue Negro".

Direção de Arte e Figurino
Quem ganha: "Desejo e Reparação", como prêmios de consolação.

Filme de Animação
Quem ganha: "Ratatouille". Pixar sempre imbatível, mesmo sem ter visto "Persepolis".

Trilha Sonora
Quem ganha: "Desejo e Reparação".

Canção
Quem ganha: alguma das três de "Encantada", mas eu preferia "Falling slowly" do "Once", que ainda não estreiou aqui no Brasil.

Maquiagem
Quem ganha: "Piratas do Caribe".

Efeitos Visuais
Quem ganha: "Transformers".

Montagem Sonora
Quem ganha: "O Ultimato Bourne".

Mixagem Sonora
Quem ganha: "Os Indomáveis".

Filme Estrangeiro
Quem ganha: "Beaufort".

Documentário Longa
Quem ganha: “Taxi to the Dark Side”.

Documentário Curta
Quem ganha: “Sari’s Mother”.

Animação Curta
Quem ganha: "Peter & The Wolf".

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

ahhhhh!





Na W Magazine de março.

sábado, 6 de outubro de 2007

o Festival do Rio, o incêndio, o Radiohead e o resto

Eu tenho dormido muito mal. Daí vem o mal humor, a preguiça, a falta de saco, etc. E isso não tem nada a ver com o resto do mundo. Só que dá para as coisas acontecerem de uma maneira racional, por exemplo, cada coisa de uma vez?

Enfim...

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O Festival do Rio acabou e o saldo foi bom, mas acho que um pouco inferior ao ano passado. Estava mais vazio, a seleção de filmes brasileiros estava menos quentes e quase toda atenção ficou com o "Tropa de Elite", que eu não vi. (E já estreou. E estou com preguiça de ir até o cinema). Tiveram grandes filmes ("Control" e "Sonhando Acordado", principalmente), claro, mas acho que faltou uma grande surpresa, como foi o "Proibido Proibir" ano passado. Uma penca de filmes eu não vi por que vão para o circuitão e vários outros por que a preguiça me impediu ("Paranoid Park", "Kurt Cobain: Retrato de Uma Ausência", "Déficit" e "A Era da Inocência"). De qualquer forma seguem as últimas mini-resenhas e a lista final. Eu ia tirar uma foto bacana com todas as entradas. Não tirei.

- "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" (Cristian Mungiu, 2007) - Nota: 8,5
É muito triste e muito forte. Mungiu levou a Palma de Ouro exatamente por conseguir extrair grande beleza desse mundo cão. Bela e inusitada fotografia.

- "Controle, A História de Ian Curtis" (Anton Corbjin, 2007) - Nota: 10,0
É tão maravilhoso quanto se espera. Não vale falar que é uma ótima história. É impressionante ver o quanto da fotografia Corbjin trouxe para o cinema, às vezes parece que o filme ~soa fotos em movimento de tão impactantes que são. Não tinha como dar erado e não deu.

- "O Búfalo Da Noite" (Jorge Hernandez Aldana, 2007) - Nota: 3,0
É um daqueles filmes que você sabe que alguém errou, mas não dá para precisar exatamente quem. O roteiro é confuso, vai e volta no tempo, se perde em tentar fazer o espectador acreditar que o filme é sobre outra coisa que não sobre a loucura. A direção também se perde na tentativa de fazer o do filme um thirller, um filme de terror, de suspense, para no final o filme não ser nada mais do que um romance poético. Difícil aceitar um filme cujo ponto forte é a trilha do Mars Volta.

- "I'm Not There" (Todd Haynes, 2007) - Nota: 9,0
É o filme-biografia mais interessante formalmente que você vai ver em muito tempo. Todd Haynes estilhaça Dylan em 6 personas diferentes para fazer disso uma grande investigação do mito, e não da pessoa. Não é um filme sobre Robert Allen Zimmerman (para isso, veja o "No Direction Home" do Scorcese), é sobre Dylan, ou melhor, é sobre a mania da cultura pop de construir seus próprios ídolos.

FESTIVAL DO RIO 2007 - Lista Final
1) "Controle, a História de Ian Curtis" (Anton Corbjin, 2007) - 10,0
2) "Sonhando Acordado" (Michel Gondry, 2006) - 10,0
3) "O Expresso Darjeeing" (Wes Anderson, 2007) - 9,5
4) "I'm Not There" (Todd Haynes, 2007) - 9,0
5) "A Via Láctea" (Lina Chamie, 2007) - 9,0
6) "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" (Cristian Mungiu, 2007) - 8,5
7) "Annie Leibovitz: Vidas Retratadas" (Barbara Leibovitz, 2007) - 8,5
8) "Império dos Sonhos" (David Lynch, 2007) - 8,0
9) "Cashback" (Sean Willis, 2006) - 8,0
10) "Shortbus" (John Cameron Mitchell, 2006) - 7,5
11) "Antiga Alegria" (Kelly Reichardt, 2006) - 6,5
12) "Em Paris" (Christophe Honoré, 2006) - 4,5
13) "I'm A Cyborg, But That's OK" (Chan-wook Park, 2006) - 3,5
14) "O Búfalo da Noite" (Jorge Hernandez Aldana, 2007) - Nota: 3,0
15) "Garçonete" (Adrienne Shelly, 2007) - Nota: 1,0
16) "Onde Andará Dulce Veiga?" (Guilherme de Almeida Prado, 2007) - Nota: zero

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A UERJ pegou fogo. É, fogo. Com direito a bombeiros, plantão na Globo e vários fotos que parecem vindas do Iraque. Segundo o reitor e o diretor do minha faculdade, a situação está normalizada, depois de uma semana. As aulas voltam segunda. Detalhe: o laudo final só sai em 30 dias. Ou seja, a idéia é arriscarmos nossas vidas durante um mês, saca?

Justo agora que as coisas pareciam estar no caminho certo.

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Além disso tem o disco do Radiohead. Eu fico feliz de ter feito uma das primeiras matérias (a primeira?) do Brasil sobre o disco, tipo dez horas da noite de domingo passado. Fiquei muito empolgado com toda história do "quer pagar quanto?" e isso de certa forma foi a causa da minha decepção. A reação ficou muito aquém do esperado, tanto do público comum, quanto do especializado. Parece que todo mundo ficou "ah, o Radiohead vai lançar um novo disco. ok, sigamos com nossas vidas".

Ninguém está se ligando ao fato de que a banda mais importante do mundo acaba de se por forada maneira que a música pop é comercializada desde de seu início. Para o Radiohead, não há mais gravadoras. E é você quem decide quanto vale a música deles. A indústria fonográfica acabou, e quem está dizendo isso é só o Radiohead.

E, oras, é o disco novo do Radiohead.

By the way, eu não paguei nada pelo disco. Queria a tal da DISCBOX, mas esse mês a grana está curta.

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Planeta Terra dia 10 de novembro, LCD Soundsystem e The Field no dia 13.

Partiu São Paulo. Quase confirmadão.

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Essa opinião é da minha mãe, e nos últimos dias tenho concordado com ela: preciso cuidar mais de mim.

Não é?
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"Gotta find my destiny, before it gets too late."

("24 Hours", Joy Division)

domingo, 30 de setembro de 2007

Festival Do Rio: "Antiga Alegria", "Cashback", "A Via Láctea", "Império dos Sonhos", "O Expresso Darjeeeing", "Em Paris"

"Like A Virgin" caiu e "Paranoid Park" foi reagendado para segunda-feira.

- "Antiga Alegria" (Kelly Reichardt, 2006) - Nota: 6,5
A impressão que dá quando a tela escurece e o título orginal do filme toma o grande retângulo escuro é que apesar de ser exibido como tal, "Antiga Alegria" não é cinema. "Antiga Alegria" é uma canção folk filmada. Uma dessas que a aMérica nos dá em profusão. Poderia até ser escrita por Will Oldham (conhecido também como Bonnie "Prince" Billy), que intepreta um dos personagens. Mesmo que os 76 minutos sejam prazerosos, a história contada neles não se encaixa na tela grande. É pequena demais, sengela demais, particular demais. Perfeita, para uma folk song.

- "Cashback" (Sean Willis, 2006) - Nota 8,0
"Cashback" é uma comédia romântica estranha. Tem mocinho, mocinha, conflito, citações de cultura pop bem encaixadas, e, claro, tem final feliz. Mas o personagem principal é um insône, que consegue parar o tempo. E a mocinha é a caixa do supermercado onde se passa a maior parte do filme. E o filme não chega a explicar por que o cara consegue parar o tempo e porque ele perde a capacidade de dormir. E também não chega a desenvolver a relação entre os protagonistas, tudo acontece sem mais explicação. Mas é divertido, dá esperança (como uma boa comédia romântica deve dar) e é extremamente bem filmado nas cenas em que o tempo pára.

- "A Via Láctea" (Lina Chamie, 2007) - Nota: 9,0
É um filme-poesia. Se compromete muito pouco com a linearidade e te ganha por isso. Merece ser revisto quando chegar ao circuitão.

- "Império dos Sonhos" (David Lynch, 2006) - Nota: 8,0
Nem quem (diz que) entendeu os outros filmes de Lynch vai conseguir encarar "Império dos Sonhos" e sair perfeitamente normal da sala de cinema. Filmado todo em digital, o filme manda qualquer idéia de se contar um história (a primeira meia hora até tenta) às favas e delira ( e apavora) por quase 2h30 de projeção. Instigante, no mínimo.

- "O Expresso Darjeeing" (Wes Anderson, 2007) - Nota: 9,5
É o melhor filme Wes Anderson. Tem todas as boas características de seus outros filmes (o humor nerd, os personagens excêntricos, as citações de cultura pop, o mesmo grande time de atores, a fotografia colorida e inusitada), só que no caso tudo é bem amarrado e menos forçado do que nos seus outros filmes. E ainda tem o tão falado curta "Hotel Chevalier" com Natalie Portman nua de aperitivo.

- "Em Paris" (Christophe Honoré, 2006) - Nota: 4,5
É ligeiramente divertido. E só. O filme se perde várias vezes nunca história pequena demais para se perder.

Próximos: "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias", "Controle, a história de Ian Curtis" e "Paranoid Park"

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Festival do Rio: "Sonhando Acordado" (de novo) e "Annie Leibowitz: Vidas Retratadas"

- "Sonhando Acordado" (Michel Gondry, 2006) - Nota: 9,75
Acabei vendo de novo com uns amigos e achei ainda melhor. Sim, é (quase) tão bom quanto "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças". Uma resenha mais aprofundada (e merecida) é possível por aqui.

- "Annie Leibovitz: Vidas Retratadas" (Barbara Leibovitz, 2007) - Nota: 8,5
Não sou muito fãs de documentários e acho difícil classificar o gênero como cinema (talvez televisão, jornalismo ou algo do tipo), porém, não há como negar a beleza deste sobre a grande fotógrafa da Rolling Stone (e depois Vanity Fair, Times e Vogue). Claro que bastante dessa beleza é devido às beles imagens de Annie Leibovitz que ilustram os depoimentos e a entrevista com a fotógrafa. O bônus é ver a produção de um ensaio para a Vogue durante as filmagens de "Maria Antonieta" (de Sofia Coppola) com os astros Kirsten Dunst e Jason Schwartzman.

Próximos: "Antiga Alegria", "Cashback" e "A Via Láctea"

domingo, 23 de setembro de 2007

Festival do Rio: "Shortbus", "Garçonete" e "Onde Andará Dulce Veiga?"

- "Shortbus" (John Cameron Mitchell, 2006) - Nota: 7,5
Não era minha intenção ver esse de início (o plano era ver "Nome Próprio", que foi fechado para convidados). Acabei encaixando esse, e por mais que todo aquele sexo explícito projetado na tela pudesse, o diretor foi inteligente o suficiente para usar esse excesso como um meio e não como um fim. Aquelas pessoas estão frustradas com tudo, e o sexo é uma dessa coisas. Claro que lá pelo meio do filme cansa um pouco, chegando a ficar gratuito, mas é um grande filme por saber usar o sexo não apenas como um elemento pra chocar, como na maioria dos filmes americanos.


- "Garçonete" (Adrienne Shelly, 2007) - Nota: 1,0
O filme está sendo vendido (junto com vários outros) como o novo "Little Miss Sunshine", numa tentativa de repetir o sucesso daquela peróla que encantou a todos anos passado e só não levou o Oscar pela monstruosa dívida que a Academia tinha com Scorcese. Mas então, é o novo "little Miss Sunshine"? Não. Nunca. Nem a pau. O filme é uma típica fábula hollywoodiana, com final feliz e edificante, uma mocinha bonitinha e sofredora, além uma trilha sonora que deixa muito a desejar. Só faltou a Julia Roberts, a Meg Ryan ou uma similar mais jovem. Salvam-se alguns poucos diálogos (ácidos e quase-engraçados) e todas as cenas que aparecem tortas que dão uma fome de doer a barriga. No mais, passe bem longe quando chegar aos cinemas.


- "Onde Andará Dulce Veiga?" (Guilherme de Almeida Prado, 2007) - Nota: Zero
Constrangedor. Caio Fernando Abreu está se torcendo no túmulo. Não que eu seja um daqueles que acha abominável qualquer adaptação de literatura para cinema, mas o que fizeram nesse caso é coisa de mandar prender, contar as duas mãos e furar os dois olhos. Transformaram uma grande história sobre solidão, num noir de quinta, só que ao invés do preto e branco, a nossa retina é distraída por uma direção de arte e fotografia que parece saída de um especial da Globo, ou um daqueles filmes da Xuxa do começo dos anos 90 ("Xuxa contra o baixo-astral", lembra?). Eriberto Leão prova que só serve como escada em alguma novela do Carlos Lombardi, além de usar uma versão piorada do cabelo do Tom Hanks em "Código da Vinci" (imagine isso!). Carolina Dieckman até se esforça pra se desvencilhar da imagem pura e cândida que ganhou na TV (ela cheira, fuma, injeta heroína, paga peitinho, 'canta' punk,e outra coisas 'radicais'), mas é só mais uma bonitinha e ordinária do horário nobre. O final do filme é um estupro brutal à obra. É tão constrangedor, mas tão constrangedor que é difícil de descrever. Enquanto no original, o personagem vai embora, sozinho, refletindo sobre a própria solidão, no filme há um musical com o mocinho beijando a mocinha debaixo da chuva. Cuidado Manoel Carlos, você está sendo roubado!


Próximos: "Sonhando Acordado" (de novo) e "Annie Leibovitz: Vidas Retratadas"

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Festival do Rio: "Sonhando Acordado" e "I'm a Cyborg, but that's Ok"

- "Sonhando Acordado" (Michel Gondry, 2006) - Nota: 9
Lembra aqueles clipes do começo de carreira da Björk? Então, em "Sonhando Acordado", o Gondry revisita aquela estética quase-tosca no que podemos chamar de a primeira comédia romântica psicodélica. Valeu a pena esperar.

- "I'm A Cyborg, But that's OK" (Chan-wook Park, 2006) - Nota: 3,5
É visualmente belo, mas a história passada num sanatório sobre uma garota que ahca que é uma ciborgue não consegue chegar a lugar nenhum. Pretensão demais, competência de menos.

Próximos: "Shortbus" e "Garçonete"

terça-feira, 18 de setembro de 2007

1/2 mês, 2 semanas e 15 dias...de Cinema

O Festival de Cinema do Rio começa nessa próxima quinta (com o "Tropa de Elite", que eu não vi pirata e nem vejo no Festival) e meu roteiro é o seguinte:

21/09 - SEXTA
14h - "Sonhando Acordado": o semi-novo do Michael Gondry que estou esperando desde o Festival passado abre mina programação com expectativas lá no alto. Foi o único filme que eu tentei baixar na minha vida - e não deu certo.
16h45 - "I'm A Cyborg, But That's OK": é o diretor de "Old Boy", que eu não vi, mas todo mundo fala. O título é o máximo. Primeiro salto no escuro da minha programação.


21h30 - "Nome Próprio": filme protagonizado pela Leandra Leal (que também tem um blo bacana chamado Alice Me Persegue), uma das minhas atrizes preferidas da nova geração. É baseado num livro da Clara Averbuk que eu não li. (eu leio pouco mesmo)

22/09 - SÁBADO
16h30 - "The Waitress": filme que já vem sendo chamado de "Little Miss Sunshine 2" por vir do cinema independete americano com força para chegar nas premiações de Hollywood (Oscar, Glob de Ouro, sindicatos). Expectativa alta.

23/09 - DOMINGO
14h15 - "Onde Andará Dulce Veiga?": é muito mais pelo Caio Fernando Abreu (autor do livro) do que por qualquer outra coisa. A presença da Maitê Proença no elenco me deixou com um pouco de medo. Segundo salto no escuro.

25/09 - TERÇA
13h30 - "Annie Leibovitz: Vida Retratadas": documentário sobre a famosa fotógrafa, que tem uma penca de imagens clássica pra Rolling Stone gringa. É de graça.~Se for ruim (o que acho difícil), nem dá pra reclamar.

26/09 - QUARTA
20h - "Antiga Alegria": gostei da sinopse, e vi que tem o Will Oldham (conhecido musicalmente como Bonnie "Prince" Billy) no elenco. Terceiro salto no escuro.

27/09 - QUINTA
16h - "Cashback": outro com a sinopse interessante. Quarto salto no escuro.
21h15 - "A Via Láctea": dos brasileiros foi o que mais me interessou. É com o Marco Rica e com uma dessas novas atrizes bonitas da nova geração. Lembrando que o a seleção nacional ano passado me deu "Proibido Proibir" ano passado. É a aposta.

28/09 - SEXTA
12h - "Império dos Sonhos": novo do David Lynch. Ninguém sabe se vai ser exibido nas especificações que o maluco fez (e que gerou a falta de distribuidora nos EUA). Eu sei que não vou entender. E daí?
19h - "O Expresso Darjeeling": novo do Wes Anderson, com o irmão Wilson suicida, Andrien Brody e Jason Schwartzman e uma história bem maluca. E Bill Murray. E Angelica Houston.
24h - "Like A Virgin": estou vendo pra minha irmã poder ver também. Quarto salto no escuro.

29/09 - SÁBADO
14h - "Paranoid Park": acho o Gus Van Sant um puta cineasta, inclusive essa última fase dele, que chega ao terceiro filme (depois de "Elephant" e "Last Days") com este. Se o pessoal de Cannes fez até maracutaia pra premiar o filme é porque deve ser bom, né?
16h30 - "Em Paris": filme francês com boa sinopse. É c0om aquele ator novo bacana que fez sonhadores e me foge o nome. Quinto salto no escuro.

30/09 - DOMINGO
17h30 - "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias": grande vencedor de Cannes em 2007 e trocadilhado por mim no título do post (como eu sou sagaz!). Filmes do leste europeu e quaisquer cinematografias afins não costumam despertar meu interesse (apesar de eu ter visto um bom filme israelense final de semana passado), mas a Palma pesa nesse caso.

01/10 - SEGUNDA
16h30 - "Controle, a história de Ian Curtis": sem dúvidas o que eu mais esperava nesse Festival. Chance nula de ser uma merda. O título ficou brega, numa tentativa falha de ficar mais comercial (o brasileiro comum conhece o Ian Curtis?). O original ou até mesmo só "Controle" ficaria mais bacana.
21h30 - "Déficit": estréia do Gael Gárcia Bernal na direção, com música no Devendra Banhart na trilha. A sinopse é até interessante, mas tenho minhas ressalvas.

02/10 - TERÇA
16h - "Kurt Cobain: Retrato de uma Ausência": documentário sobre o Kurt feito a partir de sei lá quantas horas de entrevistas com o cara.

03/10 - QUARTA
19h15 - "O Búfalo da Noite": baseado num livro do Guillhermo Arriaga (autor dos roteiros dos filmes do Alejandro Iñarritú) e com uma atriz bonita que eu não conheço numas fotos que eu vi. Sexto salto no escuro.

04/10 - QUINTA
17h30 - "I'm Not There": o filme dos 6 Bobs Dylans.
24h - "A Era da Inocência": novo longa do Denys Arcand de "O Declínio do Império Americano" e de "As Invasões Bárbaras". Pela hora da sessão, fecha o festival.

A idéia é blogar a cada novo filme, com as minhas impressões, mas o tempo urge e nem sei se vai rolar.

Que o cinema salve nossas vidas...

domingo, 17 de junho de 2007

Adaptação




Por algum motivo que eu ainda não descobri acordei com esse diálogo abaixo retirado de "Adaptação" (2002, direção do Spike Jonze, roteiro do Charlie Kaufman, atuação brilhante do Nicolas Cage). O trecho é bem no final do filme, que merece muito ser visto.

É realmente intrigante acordar com esse diálogo na cabeça, porque vi esse filme já faz uns três anos. O inconsciente prega umas peças pra lá de bizarras, uh?

Quando acordei fui direto para TV para ver se ia passar em algum canal, o que inflelizmente não aconteceu. Praguejei por ser domingo e todas as locadoras estarem fechadas. Então desisti e fui ver "Alta Fidelidade" pela zilhonésima vez, para ver se pelo menos o velho Rob Fleming me confortava. Sempre funciona.

Enfim, o diálogo.

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Charlie Kaufman: There was this time in high school. I was watching you out the library window. You were talking to Sarah Marsh.
Donald Kaufman: Oh, God. I was so in love with her.
Charlie Kaufman: I know. And you were flirting with her. And she was really sweet to you.
Donald Kaufman: I remember that.
Charlie Kaufman: Then, when you walked away, she started making fun of you with Kim Canetti. It was like they were making fun of me. You didn't know at all. You seemed so happy.
Donald Kaufman: I knew. I heard them.
Charlie Kaufman: How come you looked so happy?
Donald Kaufman: I loved Sarah, Charles. It was mine, that love. I owned it. Even Sarah didn't have the right to take it away. I can love whoever I want.
Charlie Kaufman: She thought you were pathetic.
Donald Kaufman: That was her business, not mine. You are what you love, not what loves you. That's what I decided a long time ago.
Donald Kaufman: Whats up?
Charlie Kaufman: Thank you.
Donald Kaufman: For what?

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It's mine, that love, you know. Don't you?