sábado, 31 de março de 2007

wouldn't it be nice?

Urucubaca. Março não foi um mês, foi uma estadia de 744 horas no Inferno!

Para não dar azar, amanhã eu acordo ouvindo Beach Boys no último volume.

eis o outono...



Vindo de dois álbuns que insistiam em algum experimentalismo para realçar a força das melodias de Jeff Tweedy, o Wilco de "Sly Blue Sky" aparece sóbrio e, como sempre, dolorosamente belo.

"Sky Blue Sky" é trilha perfeita para esse outono. É música para um domingo à noite depois de uma fim de semana agitado. Verão? Deixa o verão para mais tarde. O álbum traz as mesmas referências uqe fizeram do Wilco uma das bandas mais bacanas de sua geração. Estão aqui: o country-rock, o folk, o blues, as pitadinhas de rock alternativo (R.E.M. e Replacements), o power pop e até um pouco de soul. Jeff Tweedy é gênio, e isso não é só um clichê, como também a mais pura verdade. Tweedy tem o dom de escolher as palavras exatas, as vírgulas corretas e pontos finais precisos para descrever tanto esse sky blue sky quanto nosso heart confused heart. E nas poucas vezes que lhe falta palavras, sobra-lhe melodias. E os melhores solos de guitarra, desde que inventaram solos de guitarra.

O que mais eu preciso nesse outono além de um bom solo de guitarra?

O Outono sempre foi minha estação preferida: sem chuvas, sem calor, sem frio e sem os insetos irritantes da primavera. Ok, faz nenhum sentido falar em outono nesse calor infernal que está fazendo aqui no Rio. Mas eu cresci em Passa Quatro, e lá falar de outono e das outras estações faz pelo menos um pouco de sentido. Se o clima não muda, aqui dentro imperam revoluções. Se os excessos do verão me confundem um tanto, no outono fica tudo bem mais claro. O que é complicado continua complicado, porém se sabe peplo menos o porquê dessa complicação e confusão toda.

Nesse "Sly Blue Sky" não há muito espaço para o cinza das nuvens e da confusão. As melodias e os pensamentos fluem claros, sem escapatória pro coração. Depois de muito esconde-esconde do sol e de tudo, o que resta é escolher o lugar e a palavra (que parecem) certos.

Adeus confusão, o Outono chegou.


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5 músicas para esse outono


"Impossible Germany", Wilco:

"Uma Alemanha impossível,
Um Japão improvável.
É para isso que o amor serve.
Para nos por num lugar
belo e sozinho
cara a cara".


A melhor faixa de "Sky Blue Sky" não precisava ter uma letra assim. Mas tem. Ela não precisava ter o melhor solo de guitarra desde "At least that's what you said" (do prórpio Wilco), mas tem. Ela não deveria ser meu hitzão do outono. Mas é.


"The Golden Age", Beck:
Essa é o outono inteiro em uma única canção. Do disco triste do Beck, "Sea Change". "Put you hands on the wheel / let the golden age begin". Eu obedeço.

"Notice", Gomez:
O Gomez pode não ser uma grande banda para discos ("Bring It On", melhor da banda ainda passa longe da perfeição), mas não há como negar que eles sempre colocam umas 3 ou 4 canções fantásticas em cada um deles. "Notice" é uma das três de "How We Operate", de 2006 (as outras, "Girlshappedlovedrug" e "Charlie Patton songs") e desde da primeira nota me nocauteou sem muita explicação. Acontece como aconteceu deles te fazerem perder a cabeça por aquela "Tijuana Lady" do "Bring It On". No caso de "Notice", eles te fazem perder a cabeça por uma garota que não percebe o que acontece ao seu redor, nem as mentiras que contam pra ela. Acontece.

"Dirty Version" , Voxtrot:

B-side da banda nova prefira da casa, então, coisa séria. Balada lo-fi conduzida por um violão preguiçoso, noises de guitarra e teclado tão sutis que parecem coisa da sua imaginação, além de uma voz feminina mais preguiçosa e sutil que o resto da faixa. "Eu vou de leste à oeste nesse lugar / Meus pés nos seus passos / Gritando mais alto do que um tiro / Eu ainda não terminei com você". Como disse, coisa muito séria.

"Parisian Skies", Maxïmo Park:

Punk magoado com pé no freio e letra construída com várias rimas estranhas. Parece pouco, mas me pegou de jeito. Pecado mundando que fecha o disco novo do Maxïmo Park, banda de punk magoado com pé no freio e letras construídas com várias rimas estranhas. Viciante e sem sentido como o Maxïmo Park.

sábado, 24 de março de 2007

24/03/2007, 1:00 AM

Nesse momento deve ser quase 1h da madrugada. Eu não estou na frente de um computador. Ainda divido o PC com minha irmã, e enfim, ele não fica no meu quarto. Escrevo à mão. Irônico.


No som agora toca "Mesmo que mude", da Bidê Ou Balde. No repeat. Antes já rolaram algumas novas do Maxïmo Park (as doloridas "By the monument" e "Parisian skies"), o disco novo do Rakes (bunda), as duas legais do novo do Kaiser Chiefs ("Ruby", "Love's not a competition (but I'm winning)", além de bastante coisa do debut do Voxtrot. E Bidê Ou Balde.


Não sou fã de Bidê Ou Balde. Dois álbuns OK, um nem tão OK. O que rola agora é o "nem tão OK". Tem duas músicas bacanas na verdade. E "Mesmo que mude".
O caso é o seguinte: tive uma conversa de MSN esses dias que estava baseada no refrão de "Mesmo que mude", e, por mais que a pessoa do outro lado do monitor não soubesse de nada, a conversa toda me fez chegar a algumas conclusões interessantes.


Primeira e óbvia: eu gosto pra caralho de "Mesmo que mude". É simples, é direta, é docinha, magoadinha. Dá pra dançar. Dá também pra chorar (eeeeeeeemo!). Dá pra sorrir também. E dá pra cantar junto. Pop perfeito. Uma vida inteira em três minutos.


Segunda e menos importante (porque na verdade eu já havia chegado até aqui antes): tem coisa que nunca vão embora. Elas continuam ali, se transformando em outras. Parece brega e muito mais profundo do que é na verdade, mas algumas coisas ("coisas" é para ser mais genérico) são como aquele ciclo da água que a gente aprende em eras imemoriais do ensino fundamental. Á água cai do céu. Vai pro Rio. Chega ao mar. Evapora. E cai de novo. E é a mesma água. Idiota e brega como eu tinha dito, porém um bom exemplo pra exemplificar minha conclusão.


Terceira, última e importante: tá tudo muito fodido. Depois de algumas crises, que mais pareciam falácias de auto-misericórdia entediada (valeu, Moz!). Agora, repito, tá tudo muito fodido. TÃO FODIDO, MAS TÃO FODIDO que te digo que algumas música do New Order tão fazendo um sentido absurdo. Pode (e deve) fazer nenhum sentido (a conclusão de que o New Order tá fazendo sentido, nãoo fato do New Order fazer sentido, saca?), mas pra mim isso é uma situação muito bizarra e realmente desesperadora. Tá tudo muito fodido mesmo.


Tão fodido que eu vou colocar New Order, só de masoquismo. New Order velhão, anos 80, antes da "Substance". Masoquismo puro.


Afinal, é preciso dar vazão aos sentimentos, mesmo que eles mudem. E o trocadilho foi babacão. Eu sei. Até os trocadilhos tão fodidos.
Rezemos.

quinta-feira, 22 de março de 2007

this is it!


A minha primeira coluna no Your Mother Should Know está no ar, a THIS IS IT. É sobre discos novos e novidades. Na estréia traz os melhores e piores discos do ano de 2006, resenhas dos Shins, do Arcade Fire e do Patrick Wolf (foto), além de notinhas sobre Maria Antonieta e Tokyo Police Club. Depois vou colcar uns textos aqui também. Passa lá, tá bacana.


AQUI, Ó! THIS IS IT, MANÉ!





trilha do post: "Parisian skies", Maxïmo Park

noite passada um livro salvou minha vida



Esses dias tenho feito um coisa que me prometi fazer há alguns meses: reler "Alta Fidelidade". Comecei quando decidi organizar as coisas e fazer uns tops-alguma-coisa-da-minha-vida-hoje. Depois, no embalo, decidi fazer uma mixtape para alguém que, digamos, anda merecendo uma mixtape.


Pode parecer conversa, mas essas coisas bobas me deixam bem pra caralho. Sabe, organizar as idéias em tópicos, taxidermizar os pensamentos dão a estranha (e ilusória) sensação que está tudo no lugar, mesmo não estando. Reconfortante, saca?

Reconforto também é a sensação que reler "Alta Fidelidade" 2 anos depois. Exato (ou qause) 2 anos depois. Me lembro de quão na merda eu estava há uns 2 anos atrás. Crise existencial brava. Quando eu entendi que o que eu mais queria era o que me fazia mais mal, descobri também que não queria mais nada. E, então, nada passou a fazer algum sentido. Vazio.

A verdade é que, de alguma forma, há dois anos atrás, entre tantas outras canções, entre tantos outros filmes, ler "Alta Fidelidade" meio que salvou minha vida.

Rob Fleming sou eu. Parece clichê pros fãs de Nick Hornby, mas é verdade. Sabe TODAS aquelas divagações sobre pop, girls, etc? Então, antes mesmo de ver o filme, eu já tinha feito TODAS elas. E foi reconfortante saber que alguém - mesmo um alguém inventado - parecia comigo. Ou pelo menos conseguisse pôr TODAS aquelas divagações pra fora.

O mais curioso de tudo é que ainda é extremamente reconfortante ler "Alta Fidelidade" e me descobrir naquelças linhas. mesmo que eu tenha invluntariamente incorporado esse ar mais grown up boy na minha personalidade e na minha cara (uns fiapinhos a mais de barba e só). Mesmo que, bem, eu saiba melhor quem é Livio Vilela e o que ele tem que fazer, TODAS aquelas divagações ainda fazem um puto dum sentido.

E enquanto sentido fizer, eu continuo aqui: tops pondo ordem na cabeça, mixtapes para alguém que anda merecendo uma mixtape pondo ordem ordem no coração.




trilha do post: Voxtrot - EPs, Singles & B-sides
(taí uma banda que podia salvar tua vida)

sábado, 17 de março de 2007

dica do dia

Nunca, repito, nunca deixem de organizar suas mp3s por mais de um mês se você for downloader voraz como Livio Vilela.

sexta-feira, 16 de março de 2007

it's totally...

Você chega em casa, depois de um dia de trabalho duro, em que tudo que podia dar errado efetivamente dá errado, então você pensa:

- Porra, tem um bando de gente no South By Southwest! E eu não!

Só que você tá em casa, fodido, mal pago e, ainda por cima, tem lidar com futilidades inventadas por alguém com um senso de humor muito alterado, do tipo: amor (ou sexo), sexo (ou amor), família, paciência, hypes, calorias, meu-deus-eu-ainda-não-vi/ouvi/li-isso, minha-coluna-tá-atrasada, meu-blo-tá...

Aí te vem na cabeça uma música assim:

Cotton candy and a rotten mouth
You know you're so fucked up
You know I couldn't help but have it for you

And everybody knows the way I walk
And knows the way I talk
And knows the way I feel about you
It's all a bunch of shit
And there's nothing to do around here
It's totally fucked up
I'm totally fucked up
Wish you were here

And streets that only turn to boulevards
And houses with back yards
and it's raining like hell on the cars
And everybody knows the way I walk
And knows the way I talk
Knows the way I feel about you
It's all a bunch of shit
And there's nothing to do around here
It's totally fucked
I'm totally fucked
Wish you were here

And if I could have my way
We'd take some drugs
And we'd smile
We'd smile
We'd smile
But not tonight, my dear
Wish you were here
Wish you were here
Wish you were here
Wish you were here



Então, tudo faz um pouco de sentido. E você finge que sorri. E pensa, um daqueles pensamentos em que você pensa que tá cantando bem alto, quase um grito, ou melhor, um grito lá do fundo do teu [piegas]CORAÇÃO[/piegas]:

- Wish you were heeeeeeeeeeeeeeere!



quinta-feira, 15 de março de 2007

TOP 70 DISCOS

Os 70 discos que importam na minha vida em 15de março de 2007, às 23:20. Eu tenho certeza que cometi algumas injustiças na ordem. Foda-se. Ta aí.



01) "Ok Cumputer", Radiohead (1997)





02) "Loveless", My Bloody Valentine (1991)
03) "Pet Sounds", The Beach Boys (1966)
04) "The Queen Is Dead", The Smiths (1986)



05) "Achtung Baby", U2 (1991)
06) "A Rush Of Blood To The Head", Coldplay (2002)
07) "Abbey Road", The Beatles (1969)


08) "Gold", Ryan Adams (2001)
09) "(What's The Story) Morning Glory?", Oasis (1995)
10) "If You're Feeling Sinister", Belle And Sebastian (1996)


11) "Ventura", Los Hermanos (2003)
12) "The Beatles", The Beatles (1968)
13) ”The Bends", Radiohead (1995)
14) "Yankee Hotel Foxtrot", Wilco (2002)
15) "Let It Bleed", The Rolling Stones (1969)
16) "Logic Will Break Your Heart", The Stills (2003)
17) "Entertainment!", Gang Of Four (1979)
18) "Technique", New Order (1989)
19) "London Calling", The Clash (1979)
20) "Parklife", Blur (1994)
21) "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", The Beatles (1967)
22) "Closer", Joy Division (1980)
23) "Low", David Bowie (1977)
24) "Heartbreaker", Ryan Adams (2000)
25) "The Smiths", The Smiths (1984)
26) "Bloco Do Eu Sozinho", Los Hermanos (2001)
27) "Grace", Jeff Buckley (1994)
28) "Heaven Up Here", Echo And The Bunnymen (1981)
29) "Goo", Sonic Youth (1990)
30) "Is This It?", The Strokes (2001)
31) "The Velvet Underground And Nico", The Velvet Underground (1967)
32) "Definitely Maybe", Oasis (1994)
33) "The Dark Side Of The Moon", Pink Floyd (1973)
34) "Kid A" Radiohead (2000)
35) "Remain In Light", Talking Heads (1980)
36) "Dois", Legião Urbana (1986)
37) "Pinkerton", Weezer (1996)
38) "Transatlanticism", Death Cab For Cutie (2003)
39) "Lapalco", Brendan Benson (2002)
40) "Slanted And Enchanted", Pavement (1992)
41) "Heroes", David Bowie (1977)
42) "The Clash", The Clash (1977)
43) "Power, Corruption And Lies", New Order (1983)
44) "Odelay", Beck (1996)
45) "Clube Da Esquina", Milton Nascimento E Lô Borges (1972)
46) "Funeral", The Arcade Fire (2004)
47) "Nevermind", Nirvana (1991)
48) "Smile", Brian Wilson (2004)
49) "Tropicália", Vários (1968)
50) "New Adventures In Hi-Fi", R.E.M. (1996)
51) "Siamese Dream", The Smashing Pumpkins (1993)
52) "War", U2 (1983)
53) "Turn On The Bright Lights", Interpol (2002)
54) "The Man Who", Travis (1999)
55) "Who's Next", The Who (1971)
56) "Unknown Pleasures", Joy Division (1979)
57) "Low-life", New Order (1985)
58) "Blonde On Blonde", Bob Dylan (1966)
59) "Either/Or", Elliott Smith (1997)
60) "Hunk Dory", David Bowie (1971)
61) "Exile On Main Street", The Rolling Stones (1972)
62) "Revolver", The Beatles (1966)
63) "You Could Have It So Much Better", Franz Ferdinand
64) "Parachutes", Coldplay (2000)
65) "Psychocandy", The Jesus And Mary Chain (1985)
66) "Return To Cookie Mountain", TV On The Radio (2006)
67) “II”, Led Zeppelin (1969)
68) “Violator”, Depeche Mode (1990)
69) "Viva Hate", Morrissey (1988)
70) "The Head On The Door", The Cure (1985)



trilha do post: "Sleeping lessons", The Shins

terça-feira, 13 de março de 2007

pílulas de conformismo

No Rio, às vezes, é assim: quem pode, aumenta o ar condicionado não para aliviar o calor, mas para evitar o barulho do tiroteio.

segunda-feira, 12 de março de 2007

perdido no supermercado

Eu não consigo viver sem ter um blog.

Ok, é claro que vivi uns tantos tempo sem um blog, mas eles não existiam ou pelo menos eu não sabia que eles existiam.

Pode fazer nenhum sentido para quem nunca teve um blog, mas acho que esse vício vem da sedutora idéia de que um blog permite que nós possamos expressar nossos random thoughts about NOTHING da maneira que quisermos. Ou seja, EDITED random thoughts about nothing. Eu sei, um blog é só uma grande mentira reprocessada por um bom editor de texto. (...but I like it!).

When The Stars Go Blue. Don't Panic. Bittersweetheart, Bittersweetheart. Pop Bloody Pop. Realismo Convincente. Perdido No Supermercado.

Há uma linha condutora: A Música. (ou a cultura pop, se preferirmos algo mais abrangente.)

Ryan Adams. Coldplay. Ed Harcourt. U2 (mas prefiro falar que é Black Sabbath). Mombojó. The Clash. "A música sempre vai ser importante."



Esse título, para quem não sabe (?), vem da música "Lost In The Supermarket", oitava faixa de "London Calling", terceiro do The Clash ("the only band that matters"), topzão aqui e em qualquer listinha do mundo inteiro.

Em linhas gerais, a música é sobre um ser humano soterrado pelo excesso de informação. (gastação intencional, semelhança com a realidade não). É um daqueles milagre das música pop: o que renderia uma tese de doutorado, fica ali condensado num dos melhores refrões de todos os tempos. Canta comigo:

"I all lost in the supermarket
I can no longer shop happily
I came in here for that special offer
A guaranteed personality"

E o Perdido No Supermercado é sobre isso. Ou não. Random thoughts about nothing, lembra?


Pegue seu carrinho. Vamos às compras!