sábado, 25 de agosto de 2007

nuvens, muros e carros desgovernados

Paira nas últimas semanas uma nuvem um tanto espessa de melancolia. Os dias continuam frios, apesar do sol forte, do inverno já estar no fim e de estarmos no Rio de Janeiro. Mas mesmo que o céu esteja tão azul quanto há tempos eu via, a tal nuvem imaginária esta ali, parada, imóvel e me seguindo. Não, ela não me envolve. Pelo menos ainda não me envolveu.

Agosto tem sido um mês chato, bem chato. Tedioso, na verdade. Odeio essa história de ficar de semi-férias, de ficar fazendo porra nenhuma só parte do dia, e não o dia inteiro. Pela primeira vez em algum tempo, eu tenho um certa rotina. Há algum tempo precisava disso, eu acho. Cansei. Daqui há uns dois dias toda essa rotina vai se dissolver num caos, ou numa falta de tempo para qualquer coisa essencialmente divertida, que eu nem quero pensar. Aí, talvez a nuvem chegue de vez, e eu volte a ouvir o "The Queen Is Dead" e coisas da carreira solo do Morrissey várias vezes por semana, tenha vontade de rever "Lost In Translation" tanta vezes quanto possível. Ou não.
O mundo anda melacólico - olhe os jornais! - e eu teria todas as razões para estar. Seja por causa da música, seja pela falta completa de racionalidade dos meus instintos, há um esperança quase irritante que não quer me deixar. Irritante porque me mantém com os mesmos desejos na cabeça. Qualquer pessoa racional, eu acho, desistiria, se entregaria a nuvem e tempos depois levantaria a cabeça e partiria pra outra. Mas essa esperança, um carro quase desgovernado, não vira a esquina nem desliga o motor. Sempre em frente. O problema é que pode haver um muro, um poste ou algo suficiente duro para estraçalhar comigo, logo ali.

Óbvio, que o muro não é tão óbvio - pelo menos eu não quero que seja. Antes eu não tivesse dado um tiro no próprio pé naquele dia. Aí, tudo seria bem mais claro e fácil de lidar. Não teria tanto medo assim de bater de cara no muro, nem me afundar e chafurdar na melancolia da tal nuvem. Tudo poderia ser e ter sido mais normal. Ter um caminho só, sem tantas distrações e esquinas e paradas bruscas e outros carros correndo ao mesmo tempo. Concordo com Rob Fleming: meus instintos não tem cérebro, definitivamente. Ainda mais completamente entorpecidos de etanol.
Enfim, nada resolvido. E que permaneça assim até setembro. Agosto está chato demais pra um surto completo.

Um comentário:

Denis Pacheco disse...

Citando algo que o filósofo Livio Vilela me disse uma vez, eu pergunto: tá em crise, nêga? rs